segunda-feira, 20 de outubro de 2014

TARDE DEMAIS, SENHORES MINISTROS



ZERO HORA 20 de outubro de 2014 | N° 17958


POLÍTICA + | Rosane de Oliveira

Com Juliano Rodrigues



Agora que a campanha eleitoral está se aproximando do final, o Tribunal Superior Eleitoral resolveu exigir respeito dos candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves. A decisão chega tarde: a eleição é no próximo domingo e, mesmo que cada propaganda agressiva seja retirada do ar, ela já cumpriu seu papel de desqualificar o adversário.

O debate do SBT, que ultrapassou todos os limites em matéria de agressividade, fez o presidente do TSE, Dias Toffoli, rever a posição passiva adotada até então. A campanha de cada candidato editou o debate de forma a mostrar as fraquezas do oponente. O TSE não gostou, e vários comerciais dos dois candidatos foram proibidos nos últimos três dias. Agora, Dilma não pode insinuar que Aécio estava bêbado ou drogado quando se recusou a soprar o bafômetro numa blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro. Aécio não pode dizer que o irmão de Dilma, Igor Rousseff, foi contratado pela prefeitura de Belo Horizonte, mas nunca apareceu para trabalhar.

O TSE pode arbitrar o que é aceitável ou não na propaganda, mas não tem como impedir que nos debates os candidatos se ataquem. Dilma e Aécio têm falado mais de passado do que de futuro.

É evidente que Aécio vai continuar falando da Petrobras, porque sabe que os desvios denunciados por Paulo Roberto Costa desgastam Dilma, embora possam respingar no PSDB por conta de um suposto pagamento de propina a Sérgio Guerra, que não está aqui para se defender. Também é evidente que Dilma vai lembrar os escândalos da época do governo Fernando Henrique Cardoso, como compra de votos para a reeleição, Sivam e Pasta Rosa, Alstom e mensalão tucano, casos em que ninguém foi punido.

O risco que Aécio e Dilma correm ao persistir na política do ataque é o de ampliar a aversão dos eleitores à política, com o aumento da abstenção e dos votos brancos e nulos. No primeiro turno, 38,7 milhões de eleitores não escolheram candidato.


DE OLHO NO RIO GRANDE




Empatado com a presidente Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul, segundo as pesquisas, Aécio Neves incluiu o Estado na agenda do final de campanha para tentar repetir as vitórias dos candidatos tucanos no segundo turno de 2006 e 2010.

Dilma fez 113.860 votos a mais do que Aécio no Estado. Em Porto Alegre, o tucano ganhou da presidente por 15.288 votos.

Aliado a Ana Amélia Lemos, Aécio fez 1,3 milhão de votos a mais do que a senadora no Rio Grande do Sul no primeiro turno. No segundo, ganhou o apoio de José Ivo Sartori e do senador eleito Lasier Martins, do PDT.

Seguindo a orientação do partido, Lasier não gravou propaganda para Aécio nem participou do ato político que lotou a quadra da Escola de Samba Império da Zona Norte, mas teve um encontro reservado de 10 minutos com o candidato.

De acordo com o relato de Lasier, Aécio se comprometeu com a mudança no indexador da dívida dos Estados, como prevê o projeto que está no Senado, e admitiu estudar a redução da parcela paga mensalmente, de 13% para 11% da receita líquida. No encontro com Sartori, Aécio também acenou com a renegociação da dívida.

Resultados frustram PP

O PP só vai fazer o balanço da eleição depois do segundo turno, mas uma comparação dos números de 2014 com os de 2010 mostra que a candidatura própria ao governo do Estado não foi um grande negócio.

Em 2010, o PP apoiou Yeda Crusius (PSDB) e a coligação fez 1.317.848 votos para deputado federal. Elegeu seis do PP e um do PSDB. Neste ano, a aliança PP-PSDB-PRB fez 46.099 votos a mais e elegeu os mesmos sete deputados (cinco do PP, um do PSDB e um do PRB).

A legenda do PP fez 49.541 votos em 2010 e 55.539 neste ano com toda a badalação do número 11 na campanha majoritária.

A META DO PP ERA AUMENTAR A BANCADA ESTADUAL DE SETE PARA 10 DEPUTADOS E A FEDERAL DE SEIS PARA SETE.

Menos votos no número 11

Na eleição para deputado estadual, o PP teve 13.378 votos a menos na legenda neste ano do que em 2010, quando Ana Amélia Lemos disputou uma cadeira no Senado e venceu.

Em 2010, os votos nos candidatos do PP somaram 785.486. Neste ano, 830.495.

O partido elegeu os mesmos sete deputados de 2010, mas passou a ser a quarta força na Assembleia, perdendo para o PT, o PMDB e o PDT.

Único deputado federal eleito pelo PSDB no Rio Grande do Sul, Nelson Marchezan é o tucano gaúcho mais próximo de Aécio Neves, mas não deve integrar o ministério se o senador for eleito. O primeiro suplente na coligação da qual o PSDB participa é José Otávio Germano, do PP.

PONTO DE VISTA

Eleito deputado federal, Pompeo de Mattos avalia que, apesar da votação inexpressiva de Vieira da Cunha, o PDT “foi o grande vencedor do primeiro turno”.

Os argumentos de Pompeo: manteve a bancada federal, com três deputados eleitos; ampliou a representação na Assembleia pela primeira vez desde 1990, passando de sete para oito deputados estaduais, e, pela primeira vez na sua história, elegeu um senador (Lasier Martins).

Só no blog

Com razão, leitores de ZH e ouvintes da Rádio Gaúcha me escrevem questionando o uso de um trecho de comentário meu na propaganda eleitoral de Tarso Genro. Esclareço que não autorizei o uso do meu nome na propaganda de quem quer que seja.

Leia nota de esclarecimento completa em www.zerohora.com/blogdarosane.

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