segunda-feira, 20 de outubro de 2014

DEBATE AECIO X DILMA REDUZ ATAQUES E DISCUTE CORRUPÇÃO

ZH 20/10/2014

Aécio e Dilma mudam estratégia e reduzem ataques em debate. Apesar do tom mais ameno, candidatos voltaram a discutir corrupção



Corrupção e programas sociais dominaram as discussões entre os dois candidatos Foto: Alex Silva / Estadão Conteúdo


Os candidatos à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) voltaram a trocar acusações no debate transmitido pela TV Record na noite deste domingo, mas em tom mais comedido do que no encontro anterior. A corrupção na Petrobras permeou as discussões em diversos momentos no primeiro bloco do debate, que transitou também por temas como segurança, saúde, inflação e distribuição de renda.

No debate deste domingo, os ânimos acaloraram um pouco mais quando Aécio perguntou a Dilma se ela ainda confiava no tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção da Petrobras, já que a candidata à reeleição reconheceu publicamente que houve desvios na estatal.

— Eu sei que há indícios de desvio de dinheiro, eu não sei quanto foi e quem foi. A parte que o senhor tinha de complementar é que eu disse que iria investigar assim que o MP (Ministério Público) e o STF (Supremo Tribunal Federal) divulgassem suas conclusões. O senhor não respondeu onde estão os corruptos dos trens e do metrô. Sou a favor da punição, doa a quem doer — disse Dilma.


A candidata do PT lembrou que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, também teria recebido propina para esvaziar a CPI da Petrobras e disse que os tucanos engavetaram 271 processos de investigação de corrupção.

O primeiro bloco terminou com pergunta de Aécio a Dilma sobre saúde pública. A exemplo de debates anteriores, a candidata voltou a mencionar que, quando Aécio era governador de Minas Gerais, o Estado investiu menos do que mínimo constitucional na área da saúde. Aécio desmentiu, dizendo que o Tribunal de Contas do Estado mostrou que o Estado cumpriu o exigido. O tucano citou que o montante investido por Minas foi o mesmo que o Rio Grande do Sul, no governo Tarso Genro, do mesmo partido de Dilma, e aproveitou para mandar um abraço a Sartori (PMDB), candidato ao governo gaúcho que apoia a candidatura do tucano à Presidência.

Como em embates anteriores, os candidatos voltaram a discutir sobre a autoria de programas sociais.

— Programas que melhorem a vida das pessoas devem continuar. Não temos que ter a preocupação de sermos donos de determinados programas, os programas são dos brasileiros — disse o tucano, dirigindo-se a Dilma.

2º bloco

A corrupção na Petrobras e os programas sociais voltaram a ser os principais temas no segundo bloco.

Aécio começou dizendo que Dilma finalmente reconheceu que houve desvios na estatal e questionou se o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, vai continuar na função e no Conselho da Usina de Itaipu após ser citado nas denúncias do ex-diretor Paulo Roberto Costa.

– O senhor confia nele – perguntou.

Dilma respondeu perguntando a Aécio se ele confiava que, segundo as mesmas fontes que acusam Vaccari, o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, havia recebido propina para travar uma CPI sobre a Petrobras em 2009. "

– Na última vez que denunciaram pessoas do seu partido sobre o cartel do Metrô, o senhor disse não acreditar em delatores. Eu faço diferente. Eu preciso saber quem foi e quanto recebeu. parte sobre a qual o senhor deveria me cumprimentar é aquela em que disse que vou investigar – disse, voltando a citar os escândalos da Pasta Rosa, da compra de votos para a reeleição, do Sivam e do cartel de trens e do Metrô.

Na sequência, Aécio disse que Dilma não tomou providências para evitar os desvios na Petrobras e afirmou que se preocupa com a posição de Vaccari e a situação em outras empresas estatais.

– A senhora confia no seu tesoureiro. Fico preocupado com o cargo dele em Itaipu, onde ele tem um crachá e livre trânsito. Faltou governança no seu mandato – afirmou.

Em resposta, Dilma retoma a argumentação de que, no governo de FHC, as investigações eram engavetadas.

– Eu não faço isso (engavetar), candidato, eu investigo. Eu não transfiro nenhum delegado – disse.

Aécio disse, então, que o Brasil tem instituições que investigam. Segundo ele, se não houve prisões, como no caso do mensalão petista, é porque não houve provas:

– O que não pode é a senhora achar que a denúncia é verdadeira quando envolve meu partido e não quando envolve dinheiro para campanha de Gleisi Hoffmann. Faltou gestão. Isso é consequência da forma como as pessoas são nomeadas.

Aécio sugere autoritarismo na fala de Dilma sobre as investigações:

– Triste o país onde o presidente manda investigar, como em algumas ditaduras que o seu governo apoia. Quem investiga são as instituições. Por que não seu tomou essa decisão de demiti-lo antes?

Na sequência, Dilma afirmou que Aécio "adora fazer confusões que lhe beneficiam" e reiterou seu compromisso com a investigação e a demissão de Paulo Roberto Costa após assumir a Presidência da República.

A presidente Dilma Rousseff (PT) lembrou que o Brasil saiu do mapa da fome da ONU pela primeira vez e questionou o candidato Aécio Neves (PSDB) o que ele achava sobre o crescimento da classe média no Brasil durante os governos petistas.

Na resposta, Aécio afirmou "ter orgulho enorme" de ter participado "de um momento transformador da vida nacional". Segundo ele, as bases para a ampliação da classe média foram lançadas durante a administração tucana. "Quando votamos o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra a posição de seu partido, e quando criamos os programas de transferência de renda e vocês depois ampliaram", disse o tucano.

Aécio aproveitou a resposta para criticar a adversária.

– Desde a estabilidade da moeda, o Brasil vem melhorando, mas temos que nos preocupar com a superação da pobreza, e não com as estatísticas – disse, argumentando que há uma grave crise de credibilidade de instituições como Ipea e IBGE, responsáveis por divulgar dados sobre o Brasil.

Dilma diz a Aécio que o governo Fernando Henrique Cardoso gastou em oito anos com os programas sociais o que o "seu" governo gasta em dois meses. Ao responder, Aécio criticou a maneira como Dilma se referiu ao programa.

– Não é seu o Bolsa Família. Isso é terrorismo eleitoral – disse.

Ele argumentou que tentou aprovar um projeto para incluir o programa na Lei Orgânica de Assistência Social mas teve oposição do PT.

– Não diga que o Bolsa Família é seu. Havia o Bolsa Escola, Cadastro Único, Vale Gás, Vale Alimentação no governo FHC e daí nasceu o Vale Gás. Os programas são do povo brasileiro.

A qualidade da saúde foi outro tema do bloco. Aécio afirmou que os gastos com saúde diminuíram no governo Dilma e questionou o que é preciso para melhorar esse setor.

Na resposta, Dilma destacou a criação do Samu, o Mais Médicos e programas como o Brasil Cegonha e farmácia popular, além da destinação dos royalties do petróleo. A presidente aproveitou para criticar a gestão tucana em Minas Gerais.

– Ficou claro que o senhor não investiu o mínimo constitucional e desviou da saúde R$ 7,6 bilhões – afirmou, questionando o que o tucano faria com o Mais Médicos.

Aécio negou a informação sobre Minas e disse que seu partido queria aprovar a realização do Revalida para o Mais Médicos e equalizar os salários entre os médicos cubanos e os demais.


3º bloco

No terceiro bloco, Dilma começou citando programas como o ProUni e o Fies e perguntou a Aécio o que ele achava sobre a ampliação do acesso à universidade.

Na resposta, Aécio afirmou que, ao falar de educação, é preciso primeiro falar em creches.

– Não há nada que atenda mais a mulher hoje do que ter creche para deixar seus filhos – disse, argumentando o governo federal não entregou o que prometeu nessa área. –Proponho criar a Nova Escola Brasileira. Me orgulho de ter feito da escola mineira a melhor do Brasil", voltou a dizer o candidato.

Na réplica, Dilma afirmou que o governo do PSDB sucateou o Ensino Superior no Brasil, que o partido do adversário foi contra o ProUni e chegou a entrar na Justiça contra ele. Ela disse que as creches foram feitas em parceria com os municípios.

– Assim não é possível entender, se a senhora não consegue dizer – treplicou Aécio, enquanto Dilma mencionava, ao fundo, o programa ProUni. – Vamos entregar as creches que o governo não entregou – afirmou, emendando que Dilma também não cumpriu a promessa que fez na campanha de 2010 de desonerar empresas de saneamento básico.

Em sua pergunta, Aécio destacou o tema de infraestrutura e questionou o atraso para a entrega das obras iniciadas no governo da petista.

Na resposta, Dilma listou obras como a ferrovia norte-sul, a usina de Santo Antônio e a transposição do Rio São Francisco que, segundo ela, está "em pleno vapor".

– Investimos R$ 200 bilhões em infraestrutura. Se considerar energia, saneamento e recursos hídricos, nos meus quatro anos fiz o que vocês fizeram em oito. Esse é um dos motivos por não haver racionamento de energia – afirmou Dilma, destacando as linhas de transmissão que ligam o Norte do País às outras regiões.

Na réplica, Aécio voltou a afirmar que as obras não foram concluídas, criticou a falta de parceria público-privadas e destacou o sobrepreço. Na tréplica, Dilma citou sobrepreço em obra de Minas Gerais e rebateu a crítica sobre PPPs.

– Para quem tem como maior obra um centro administrativo em Minas Gerais, o senhor é bastante ousado. Essa história de não fazer PPP é uma lenda que vocês criaram. Financiamos a PPP que seu governo fez – afirmou.

Os candidatos fizeram suas considerações finais no quarto bloco do penúltimo debate da campanha. O embate final ocorrerá na sexta-feira, na Rede Globo.

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Terça-feira, dia 14: Rádio Gaúcha
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*Zero Hora, com agências

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