quarta-feira, 15 de outubro de 2014

DOIS ECONOMISTAS



ZH 15 de outubro de 2014 | N° 17953


LEANDRO DE LEMOS*



A única certeza é a de que a Presidência do Brasil será ocupada por um(a) economista. Aécio é formado pela PUC de Minas Gerais e lá registrado como economista no Corecon. Dilma é formada pela UFRGS e registrada no Corecon que tenho a honra de presidir. Nossa profissão é regulamentada no país desde 1951 e tem relevância histórica e política na construção da economia brasileira.

Ambos são agentes políticos e assumem um papel de liderança que muitos economistas ocupam em universidades, empresas e instituições. A trajetória deles expõe convergências e divergências e aponta para uma certa continuidade na construção do modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Não há uma amazônica distância entre as propostas das duas coalizões partidárias no que tange às políticas macroeconômicas de curto prazo. Talvez um ou dois por cento de Selic para cá ou para lá no intuito de dar prioridade ao controle inflacionário ou à manutenção de empregos, e um pouco mais de diferenças no grau de protagonismo no papel do Estado.

Pelo menos no discurso – que sabemos é uma roupagem em grande parte descartada quando observamos a ação dos governantes –, defendem continuar o que antecessores construíram. Não há calorosos debates entre os economistas que estão nos bastidores dos programas de cada candidato. Porém, um contingente representativo dos mais de 60 mil economistas registrados no Brasil requisita a necessidade da construção de uma estratégia de desenvolvimento.

Nesse debate, propõe-se a inserção internacional da economia brasileira como produtora de tecnologias e conteúdo inovador em novas indústrias que – como janelas de oportunidade – estão em ebulição no atual contexto global. Essas cadeias produtivas requerem, no entanto, um forte alinhamento da educação, pesquisa, regulação industrial e de mercados e estimulado ambiente de negócios. Infelizmente, a ausência de propostas para aumentar a eficiência estratégica e o crescimento sustentável da economia brasileira preocupa e é justificada por não ser palatável e sedutora ao eleitor médio brasileiro, mas não seria um desafio perfeito para os dois presidenciáveis?

*Presidente do Conselho Regional de Economia do RS, professor de Economia da PUCRS

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