quinta-feira, 9 de outubro de 2014

DEBATENDO SOBRE OS DEBATES



09 de outubro de 2014 | N° 17947

ITAMAR MELLO LETÍCIA DUARTE


ELEIÇÕES 2014. DISPUTA PELO PIRATINI

CANDIDATOS AO GOVERNO do Estado têm posições diferentes sobre confrontos diretos. Sartori, que teve mais votos no primeiro turno, quer esperar. Tarso quer tirar a diferença e mal pode esperar a discussão frente a frente


Depois de várias negociações, prevaleceu a posição da campanha de José Ivo Sartori de realizar debates apenas a partir da semana que vem. Segundo a equipe do candidato do PMDB, o primeiro confronto entre ele e Tarso Genro, anunciado para esta noite na TV Band, não sai. Em nota, a direção da emissora confirmou o cancelamento.

Durante boa parte da tarde de ontem, representantes de Sartori estiveram na sede do grupo de comunicação discutindo a participação. Propuseram a transferência para a semana que vem, argumentando que o candidato está ocupado com as gravações do horário eleitoral e com a articulação de alianças nestes primeiros dias após o primeiro turno. A situação ficou indefinida até a noite, quando Sebastião Melo, coordenador da campanha de Sartori, confirmou que o debate estava adiado:

– Tentamos construir a seguinte lógica: nesta semana, marcamos reuniões para buscar apoio e iniciamos a gravação dos programas. A agenda está tomada. Deixamos os debates para a semana que vem. Não tínhamos uma estrutura que permitisse sair do primeiro turno e entrar no segundo.

Segundo Melo, a proposta inicial da coligação era que fosse rea- lizado um único debate entre os dois candidatos durante o segundo turno, por meio de um pool de emissoras. A ideia não foi aceita. A campanha propôs então um encontro por grupo de comunicação. Diante da resistência, recuou e aceitou cinco de nove convites. Sartori vai discutir com Tarso na Band, na Rádio Gaúcha, na RBS TV, na Record e na Rádio Guaíba.

Na terça-feira, a equipe de Sartori já havia empurrado para a próxima semana o encontro entre os candidatos na Rádio Gaúcha, mas Melo rebate a crítica de que seu candidato estaria interessado em fugir do confronto:

– Por que o PT não fala de quando o Lula se negou a participar de debates? Isso nunca fizemos. Só pedimos tempo para organizar a campanha.

Ontem, ao se encontrar com vereadores de São Leopoldo que vão apoiá-lo, Sartori disse esperar que os debates foquem o futuro:

– Quero fazer uma campanha com ênfase em propostas de governo e paciência com as provocações do outro lado.

Sartori aproveita os dias depois do pleito para mobilizar suas tropas. Ontem, foi à sede do PDT para agradecer a adesão de integrantes – o partido ficará neutro – e se reuniu com coordenadores.

Dizendo-se “sequioso” pelo início dos debates do segundo turno, o candidato à reeleição Tarso Genro (PT) prepara a ofensiva contra o adversário José Ivo Sartori (PMDB). Uma das estratégias para tentar contrapor o discurso do rival será lembrar aos eleitores que Sartori foi líder da bancada do PMDB no governo Britto, participando de votações como a que resultaram em aumentos de impostos no período.

Outro ponto a ser explorado pelos petistas é o fato de o vice de Sartori, o empresário José Paulo Dornelles Cairoli, ter posição contrária ao salário mínimo regional, defendido pelos petistas.

Diante de prefeitos da Região Metropolitana, em uma reuniãoalmoço ontem no Canoas Park Hotel, em Canoas, Tarso afirmou que não vai atacar personalidades, mas expor trajetórias. Durante o encontro, o petista avaliou que saiu do primeiro turno com “uma vantagem” e “uma desvantagem”. A desvantagem seria o número de votos, que o colocou em segundo lugar na disputa. A vantagem seria poder se concentrar em um único adversário, enquanto no primeiro turno precisava enfrentar debates com “seis ou sete” concorrentes que atacavam o governo. Em menos de uma hora, ele se serviu, comeu e falou.

A dúvida é se Sartori vai comparecer a todos os debates programados por meios de comunicação, já que o peemedebista afirmou em entrevista na segunda-feira que gostaria de “no máximo dois debates, ou três” no segundo turno. Na avaliação de líderes petistas, seria uma tentativa de fugir do confronto.

– É uma afronta à sociedade gaúcha o Sartori não querer participar dos debates. Isso é muito ruim e demonstra medo de quem não tem projeto – criticou o presidente do PT estadual, Ary Vanazzi.

Diante da dúvida se Sartori iria ao primeiro debate, marcado para hoje, um assessor provocava:

– O Tarso vai.

O debate é uma das principais apostas para alavancar a candidatura petista, já que há restritas opções para reforçar a aliança partidária. Diante do sinal de apoio da coligação de Ana Amélia Lemos (PP) a Sartori, os petistas contam com adesões individuais de integrantes de outros partidos para fortalecer a campanha. Segundo a cúpula petista, 20 prefeitos do PP já teriam sinalizado apoio a Tarso, entre eles os gestores dos municípios de Frederico Westphalen, Herval, São Marcos e Cotiporã.



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