JORNAL DO COMERCIO 06/08/2014
Rubens Goldenberg defende um novo pacto sócio-político
Eduardo Amaral
Aos 58 anos, o empresário Rubens Goldenberg (PRP) entra na disputa ao Senado sabendo das dificuldades que terá para colocar-se como uma alternativa viável para os eleitores. O grande desafio de Goldenberg será apresentar suas propostas e angariar votos para uma legenda ainda pequena no Estado. “Posso fazer muito mais que muita gente imagina”, projeta.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o candidato defende uma Constituinte exclusiva e mudanças profundas na legislação brasileira. Para Goldenberg, o País só conseguirá avançar com “um novo pacto sócio-político”. O candidato do PRP prega a independência e critica a atuação dos parlamentares da base aliada. Goldenberg entende que fazer parte do governo não implica “ser lacaio do governo”, atitude adotada, segundo ele, por deputados e senadores da base da presidente Dilma Rousseff (PT).
Jornal do Comércio - O que o senhor pode acrescentar como senador da República pelo Rio Grande do Sul?
Rubens Goldenberg – Posso fazer muito mais que muita gente imagina, porque eu não tenho vinculação nenhuma ao governo estadual nem federal, eu não devo favor, eu não tenho cargo indicado, meu partido não tem cargo. Nós vamos livres para poder defender o ser humano, o povo. Os outros têm cargo, têm ministério, ocupam espaço e, quando se ocupa espaço, você tem obrigações, e o senador tem que ter liberdade de ação.
JC - Mas essa liberdade partidária não pode ser uma faca de dois gumes em um cenário político que cada vez mais se precisa de parceria e união em blocos para as votações?
Goldenberg – É um pouquinho diferente, tu colocas que vivemos em um presidencialismo participativo, não é participativo. Vivemos em um presidencialismo não de participação, mas de coabitação. A conversa deve existir em qualquer instância, fazendo parte do governo ou não. O que tem que ser discutido é o pacto social político e federativo. Não existe uma federação aqui, existe um império. A União arrecada, fica com 64%, o resto divide entre estados e municípios. Fazer parte do governo é muito fácil, pois estás no bolo, quando o bolo é um só, aqueles que fazem parte dividem o bolo, mas não têm o direito e a liberdade de tentar fazer com que o bolo seja mais justo. Mas fazer parte do governo é não ser lacaio do governo.
JC - Qual a sua proposta para a dívida do Estado?
Goldenberg – Passa por uma auditoria e, acima de tudo, vontade política para resolver. A Lei Kandir, que beneficiaria o Rio Grande do Sul em milhões, nunca foi regulamentada, desde o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso, PSDB) até agora, nunca regulamentou, os outros vão dizer agora que vão regulamentar. Agora vão dizer que baixar os juros da dívida vai resolver o problema do Estado. O Estado passa por uma questão de reestruturação de dívida, por uma questão de gestão, passa por questão política. As pessoas precisam diferenciar o que é Estado do que é governo. Governo é uma coisa transitória, o Estado permanece. As coisas têm que ser projetadas para 10, 20 anos. Enquanto não houver o pacto sócio-político, não há mudança em nada.
JC - O pacto social é a sua principal bandeira?
Goldenberg – Um pacto social e político, porque sem mudança política, da forma como está, no voto proporcional, vence quem tem a capacidade econômica maior. Você é candidato lá de Soledade, faz 50 mil votos em Soledade, vai ao Interior e pega mais 40 municípios e faz mil votos, qual o compromisso que você tem com esses votos, nenhum. Já no voto distrital, você é eleito pelo seu distrito.
JC - O senhor defende uma nova Constituinte. Para que matérias?
Goldenberg – Defendo uma Constituinte exclusiva para reformarmos tudo o que estamos discutindo: dívida, saúde, educação. Reforma constitucional seria para reformular o Estado, não os entes federados. Essa Constituinte vai delinear as necessidades reais do povo, as necessidades reais dos municípios. Não adianta delegar para o município se ele não tem recurso.
JC - A eleição para o Senado tem se mostrado polarizada entre dois candidatos, Lasier Martins (PDT) e Olívio Dutra (PT). Como pretende entrar nessa disputa?
Goldenberg – Não vamos quebrar a polarização atacando quem quer que seja. Nós vamos mostrar e terminar com a polarização mostrando a verdade. Quando você vai para a função pública, você representa o povo, não é você, então, você tem que dizer a verdade. Saúde, por exemplo. Mais Médicos, eu sou a favor do Mais Médicos, mas sou a favor do Mais Médicos brasileiro, criando a carreira federal de médico, com concurso e com regramento. Na saúde, o primeiro projeto de lei seria determinar que todos os cargos eletivos, presidente da República, vice-presidente, senador, deputados estaduais, deputados federais, todos eletivos são obrigados a usar o SUS. Se você é o gestor público e não serve para você e o povo tem que passar a miséria na fila, sem remédio e sem equipamento, bota o gestor público a passar na própria pele o que está passando o povo. Ele tinha que por moral e por obrigação usar o serviço público e dar exemplo. As minhas principais bandeiras são saúde, educação e segurança e a renegociação da dívida pública.
JC - E quais as propostas para a segurança?
Goldenberg - Proposta um: readequar os contingentes das polícias militar e civil. Dois: prepará-los efetivamente com cursos, não de seis meses nem de um ano, mas de pelo menos dois anos. Três: salários dignos para que exerçam a função e não precisem de bicos. Quatro: o aparelhamento científico do Estado. Quinto: aparelhamento em diligência. Você não lida com o crime de tráfico da mesma forma que o praticado pelo cidadão que rouba biscoito.
JC - Entre suas propostas está o ensino religioso, a critério das escolas e dos alunos. Como seria?
Goldenberg – A cultura religiosa é uma cadeira em que você não discute uma religião, você ensina a cultura de todas as religiões. E se ele quiser amanhã optar por uma delas, ele vai optar. Isso é implementar algo no ser humano que ele vai aprender que existe Deus, que existe algo superior independentemente de religião.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o candidato defende uma Constituinte exclusiva e mudanças profundas na legislação brasileira. Para Goldenberg, o País só conseguirá avançar com “um novo pacto sócio-político”. O candidato do PRP prega a independência e critica a atuação dos parlamentares da base aliada. Goldenberg entende que fazer parte do governo não implica “ser lacaio do governo”, atitude adotada, segundo ele, por deputados e senadores da base da presidente Dilma Rousseff (PT).
Jornal do Comércio - O que o senhor pode acrescentar como senador da República pelo Rio Grande do Sul?
Rubens Goldenberg – Posso fazer muito mais que muita gente imagina, porque eu não tenho vinculação nenhuma ao governo estadual nem federal, eu não devo favor, eu não tenho cargo indicado, meu partido não tem cargo. Nós vamos livres para poder defender o ser humano, o povo. Os outros têm cargo, têm ministério, ocupam espaço e, quando se ocupa espaço, você tem obrigações, e o senador tem que ter liberdade de ação.
JC - Mas essa liberdade partidária não pode ser uma faca de dois gumes em um cenário político que cada vez mais se precisa de parceria e união em blocos para as votações?
Goldenberg – É um pouquinho diferente, tu colocas que vivemos em um presidencialismo participativo, não é participativo. Vivemos em um presidencialismo não de participação, mas de coabitação. A conversa deve existir em qualquer instância, fazendo parte do governo ou não. O que tem que ser discutido é o pacto social político e federativo. Não existe uma federação aqui, existe um império. A União arrecada, fica com 64%, o resto divide entre estados e municípios. Fazer parte do governo é muito fácil, pois estás no bolo, quando o bolo é um só, aqueles que fazem parte dividem o bolo, mas não têm o direito e a liberdade de tentar fazer com que o bolo seja mais justo. Mas fazer parte do governo é não ser lacaio do governo.
JC - Qual a sua proposta para a dívida do Estado?
Goldenberg – Passa por uma auditoria e, acima de tudo, vontade política para resolver. A Lei Kandir, que beneficiaria o Rio Grande do Sul em milhões, nunca foi regulamentada, desde o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso, PSDB) até agora, nunca regulamentou, os outros vão dizer agora que vão regulamentar. Agora vão dizer que baixar os juros da dívida vai resolver o problema do Estado. O Estado passa por uma questão de reestruturação de dívida, por uma questão de gestão, passa por questão política. As pessoas precisam diferenciar o que é Estado do que é governo. Governo é uma coisa transitória, o Estado permanece. As coisas têm que ser projetadas para 10, 20 anos. Enquanto não houver o pacto sócio-político, não há mudança em nada.
JC - O pacto social é a sua principal bandeira?
Goldenberg – Um pacto social e político, porque sem mudança política, da forma como está, no voto proporcional, vence quem tem a capacidade econômica maior. Você é candidato lá de Soledade, faz 50 mil votos em Soledade, vai ao Interior e pega mais 40 municípios e faz mil votos, qual o compromisso que você tem com esses votos, nenhum. Já no voto distrital, você é eleito pelo seu distrito.
JC - O senhor defende uma nova Constituinte. Para que matérias?
Goldenberg – Defendo uma Constituinte exclusiva para reformarmos tudo o que estamos discutindo: dívida, saúde, educação. Reforma constitucional seria para reformular o Estado, não os entes federados. Essa Constituinte vai delinear as necessidades reais do povo, as necessidades reais dos municípios. Não adianta delegar para o município se ele não tem recurso.
JC - A eleição para o Senado tem se mostrado polarizada entre dois candidatos, Lasier Martins (PDT) e Olívio Dutra (PT). Como pretende entrar nessa disputa?
Goldenberg – Não vamos quebrar a polarização atacando quem quer que seja. Nós vamos mostrar e terminar com a polarização mostrando a verdade. Quando você vai para a função pública, você representa o povo, não é você, então, você tem que dizer a verdade. Saúde, por exemplo. Mais Médicos, eu sou a favor do Mais Médicos, mas sou a favor do Mais Médicos brasileiro, criando a carreira federal de médico, com concurso e com regramento. Na saúde, o primeiro projeto de lei seria determinar que todos os cargos eletivos, presidente da República, vice-presidente, senador, deputados estaduais, deputados federais, todos eletivos são obrigados a usar o SUS. Se você é o gestor público e não serve para você e o povo tem que passar a miséria na fila, sem remédio e sem equipamento, bota o gestor público a passar na própria pele o que está passando o povo. Ele tinha que por moral e por obrigação usar o serviço público e dar exemplo. As minhas principais bandeiras são saúde, educação e segurança e a renegociação da dívida pública.
JC - E quais as propostas para a segurança?
Goldenberg - Proposta um: readequar os contingentes das polícias militar e civil. Dois: prepará-los efetivamente com cursos, não de seis meses nem de um ano, mas de pelo menos dois anos. Três: salários dignos para que exerçam a função e não precisem de bicos. Quatro: o aparelhamento científico do Estado. Quinto: aparelhamento em diligência. Você não lida com o crime de tráfico da mesma forma que o praticado pelo cidadão que rouba biscoito.
JC - Entre suas propostas está o ensino religioso, a critério das escolas e dos alunos. Como seria?
Goldenberg – A cultura religiosa é uma cadeira em que você não discute uma religião, você ensina a cultura de todas as religiões. E se ele quiser amanhã optar por uma delas, ele vai optar. Isso é implementar algo no ser humano que ele vai aprender que existe Deus, que existe algo superior independentemente de religião.
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