Dívida pública do Estado domina debate entre candidatos ao governo do RS. Seis dos oito candidatos participaram de embate na noite desta quinta-feira
ZERO HORA Atualizada em 29/08/2014
Seis dos oito candidatos ao governo do Estado participaram do debateFoto: Mateus Bruxel / Agencia RBS
A dívida pública de R$ 50,4 bilhões do Rio Grande do Sul dominou o debate da Rede Bandeirantes entre os candidatos ao governo do Estado na noite desta quinta-feira — a exemplo do ocorrido na terça, no pronunciamento dos quatro principais candidatos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Críticas à tentativa de renegociação do débito pelo governo de Tarso Genro (PT) e soluções para as finanças gaúchas predominaram entre os discursos de Ana Amélia Lemos (PP), João Carlos Rodrigues (PMN), José Ivo Sartori (PMDB),Roberto Robaina (PSOL), e Vieira da Cunha (PDT).
Confira, abaixo, os principais momentos do embate:
1º bloco
Cada candidato escolhia outro concorrente para fazer uma pergunta de tema livre. Sartori e Ana Amélia iniciaram o programa trocando perguntas com críticas ao atual governo — o que foi classificado por Vieira da Cunha como "dobradinha".
— Entendo que o atual governo não entrega os serviços que a população deseja, provocou um endividamento recorde. Gostaria de saber como você irá encaminhar essas mudanças — questionou Sartori.
— Nós temos mais de 6 mil cargos comissionados. Só no gabinete do governador e do vice-governador são 12, com status de secretário. São cargos desnecessários e muito caros — atacou a candidata pelo PP que, na sequência, citou o projeto de desoneração da Lei Kandir com o débito do contrato com a União.
Em seguida, Tarso direcionou sua pergunta a João Carlos Rodrigues para rebater as críticas. O governador apontou o que classificou como "conquista histórica do Estado de rebaixar a dívida em R$ 15 bilhões" contratada por outros governos. Vieira retomou as perguntas, direcionando sua questão ao governador.
— Não tem conquista nenhuma na dívida. O projeto está empacado no Senado por determinação do ministro da Fazenda do governo Tarso Genro. Que conquista é essa? — indagou Vieira.
— Tu poderias confiar nos três quadros do PDT que trabalharam conosco para ajudar nesse impulso político de renegociação da dívida e deram força para o Estado ter um governo que, pela primeira vez, chegou perante o governo federal, confrontou e discutiu perante a área econômica e depois teve a consagração da palavra da oposição que aceitou a votação em novembro — rebateu o candidato pelo PT.
Robaina questionou Vieira como pretendia pagar o piso do magistério, e respondeu a João Rodrigues sobre medidas no setor rural.
2º bloco
Jornalista fizeram perguntas aos candidatos. As questões abordaram temas como a demora para obtenção de licenças ambientais, o modelo de manutenção das rodovias por meio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), a recuperação das indústrias gaúchas, segurança pública e educação. O principal embate do bloco girou, justamente, em torno do tema ensino, quando Robaina questionou Tarso sobre o piso do magistério.
— Pagamos para aqueles professores que não chegaram ao piso um completivo e estamos aguardando a decisão do Supremo para ver qual o piso definido — disse o governador.
— O completivo que está falando é o que a Yeda (Crusius) queria fazer e a luta com o magistério impediu, que é a destruição do plano de carreira dos professores e funcionários de escola — apontou o candidato do PSOL. — Vocês estão tentando enfiar na comunidade escolar uma reforma do ensino que reduz carga horária de matérias fundamentais, como matemática e português — disse.
— Não houve redução. Permanece a mesma e aumentamos a carga horária de outras matérias para introduzir o ensino politécnico. Isso é uma fraude informativa — respondeu Tarso.
3º bloco
Cada candidato escolhia quem lhe fazia a pergunta. Vieira abriu o bloco questionando Ana Amélia sobre as críticas do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) à candidata Marina Silva (PSB).
— Considero importante para quem vai assumir o Estado com esse grau de dificuldades ter experiência administrativa, que eu não vejo na prezada candidata, que tem metade do seu mandato como senadora — disse Vieira.
— O fato de ter experiência não significa que seja um bom gestor e que essa experiência tenha valido a pena. Têm maus gestores, veja a situação do Estado — rebateu Ana Amélia, que também citou a trajetória do presidente Lula.
Na sequência, Sartori retomou o tema educação em pergunta a João Carlos Rodrigues.
— O mais importante, na posição de governador, é ser coerente em seu discurso e respeitar a lei — disse o candidato do PMN, em referência ao pagamento do piso do magistério.
— Temos de ter um ensino de qualidade, e só se faz isso com professores valorizados — apontou o ex-prefeito de Caxias do Sul.
Ainda no bloco, Ana Amélia questionou Vieira sobre as condições de infraestrutura das estradas, criticando a gestão da EGR. O candidato do PDT se posicionou favorável às parceirias público-privada. Robaina e Tarso ainda trocaram acusações sobre alianças políticas.
4º bloco
Cada candidato escolhia a quem iria perguntar. No penúltimo bloco do programa, Tarso questionou Ana Amélia sobre a proposta da senadora de cortes nos gastos públicos.
— Gostaria de saber quais as secretarias que a senhora vai extinguir, qual o número de CCs que a senhora vai reduzir e qual a influência que isso vai ter nas finanças do Estado?
— O primeiro passo é ter uma atenção especial às atividades meio, e não às atividades fim, que impactam diretamente na vida do cidadão — disse Ana Amélia. — São 6 mil cargos comissionados e com cargos mais altos do que os próprios concursados e que representam um gasto — completou.
— Se a senhora terminar com um terço desses CCs, o impacto será de 0,3% na folha de pagamento. Não tem nenhum possibilidade de isso implicar no ressarcimento da dívida da União — afirmou Tarso.
— Há 12 anos, o seu partido está no poder e, se quisesse ter ajudado o Rio Grande do Sul a resolver esse problema, já teria feito. Eu tentei votar a questão do indexador da dívida no ano passado, o que beneficiaria o seu governo agora — rebateu Ana Amélia.
Robaina ainda questionou o governador, novamente, sobre a renegociação da dívida do Estado. Vieira também apresentou números da violência e confrontou Sartori, que apontou sua experiência como prefeito de Caxias do Sul.
5º bloco
Os seis candidatos fizeram suas considerações finais após uma pergunta comum a todos: "que medidas o seu governo tomaria para resgatar o protagonismo histórico nacional do Rio Grande do Sul?"
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