POLÍTICA + | Rosane de Oliveira
A entrevista de Dilma Rousseff no Painel RBS com os candidatos à Presidência da República dá uma pista do que será o eixo dos seus programas na propaganda eleitoral: foco nas obras dos últimos quatro anos e dos oito do governo Lula. Dilma acha que o Brasil não conhece nem metade do que a gestão dela fez e considera o horário eleitoral o verdadeiro início da campanha. Com mais tempo de TV do que os adversários, diz que analisa as pesquisas com um olhar diferente da visão dos jornalistas: em vez de se ater às intenções de voto, dá mais valor à tendência e às qualitativas, que mergulham na alma do eleitor.
Uma hora de entrevista não foi suficiente para abordar todos os temas que estão na ordem do dia e falar das propostas para um eventual segundo mandato. Dilma continuou a conversa por mais meia hora na biblioteca do Palácio da Alvorada.
Fora do ar, questionou a isenção do relator do caso Petrobras no TCU, ministro José Jorge, e sugeriu que ele deveria se declarar impedido de tratar da estatal, porque foi um dos líderes do antigo PFL e titular do Ministério de Minas e Energia no governo Fernando Henrique, em 2001, quando a plataforma P-36 afundou. Os petistas também associam o nome de José Jorge a uma ruinosa troca de ações com uma subsidiária da Repsol, na Argentina, em que a Petrobras teve um prejuízo estimado em US$ 2,5 bilhões.
Na conversa informal, a presidente lamentou não ter conseguido realizar a reforma política. Disse que, na campanha, vai reapresentar a proposta de um plebiscito, por estar convencida de que, sem participação e pressão popular, o Congresso não votará a reforma política.
Dilma riu das promessas dos adversários de reduzir à metade o número de ministérios:
– Eles disseram quais pretendem cortar?
Na avaliação da presidente, todas as 39 pastas têm um papel a cumprir, e até a Secretaria da Pesca é considerada estratégica.
Os prefeitos, vices e vereadores da coligação O Novo Caminho Para o Rio Grande, reunidos ontem em Porto Alegre, receberam o recado: a candidatura de José Ivo Sartori (PMDB) é de oposição ao governo Tarso Genro. Embora o conceito pareça uma obviedade, visto que Sartori rejeitou o apoio do partido a Dilma – preferiu Eduardo Campos (PSB) – e o PMDB faz forte oposição a Tarso na Assembleia, alguns apoiadores do ex-prefeito de Caxias do Sul ainda não haviam entendido o seu discurso.
– Precisamos nos apresentar à sociedade gaúcha como oposição. Foi uma reunião de alinhamento de discurso político. Precisamos expressar melhor o que defendemos – explicou o coordenador da campanha de Sartori, o vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo.
Apesar de a maioria do partido estar a par da posição contrária de Sartori à aliança com Dilma quando apostou na sua candidatura, uma fatia da sigla ainda prefere apoiar a petista. Na sexta-feira, o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), vem à Capital lançar um comitê da campanha de Dilma no Estado.
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