quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eleições 2010. O maravilhoso mundo das promessas de campanha



Eleições 2010. O maravilhoso mundo das promessas de campanha. Dilma garante que vai erradicar a miséria no Brasil, Serra jura que vai mandar remédios pelos Correios. Seremos o país perfeito em 2015? - Por Hugo Souza - 1/09/2010 - Opinião e Notícia

Uma das novidades para as eleições deste ano é a obrigatoriedade de os postulantes a cargos do executivo apresentarem programas de governo no ato do registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral. O objetivo da nova norma é obter algum compromisso dos candidatos, que costumam ser ruins de compromisso, e não só aqui no Brasil. Barack Obama, por exemplo, cumpriu a promessa feita na campanha de 2008 nos EUA de retirar as tropas norte-americanas do Iraque até o dia 31 de agosto de 2010, ainda que vá deixar nada menos do que 50 mil soldados por lá até o final de 2011, por via das dúvidas.

Visando render o presidente Lula no início do ano que vem, a candidata governista ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, já chegou a prometer que conduzirá todos os miseráveis do Brasil pelos degraus da ascensão social até a classe média, “pelo menos”, e enfatizou: “ainda nesta década”. Caso ela venha a ser eleita a primeira mulher presidente da República da história deste país, os hipertensos e diabéticos poderão dormir mais sossegados, porque a petista garantiu que irá universalizar os tratamentos para estes doentes. Dilma também prometeu baixar os juros básicos da economia “a níveis internacionais” até 2014, e já fez a promessa estranha e incômoda (não pelo prometido, mas pela necessidade de prometer) de não censurar a imprensa.

José Serra parece não querer ficar para trás no campo das promessas com grandes chances de não serem cumpridas, ou de serem cumpridas à moda da retirada dos soldados norte-americanos do Iraque. Em visita a Pernambuco, o tucano garantiu a uma plateia de três mil pessoas que, uma vez eleito, acumulará a presidência da República e a presidência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) nos seis primeiros meses do seu mandato. Serra prometeu, por exemplo, construir 400 quilômetros de metrô em todo o Brasil, sendo que no Rio da Janeiro, ao fim de um eventual novo governo do PSDB, os moradores da baixada fluminense poderiam ir e voltar da capital todos os dias nos confortáveis vagões de um metrô de superfície.

‘Promessômetro’

José Serra também já se comprometeu a enviar remédios pelos Correios para pacientes crônicos. Serra, aliás, adotou como uma espécie de slogan para sua campanha a frase : “Não prometo. Anuncio”. Trata-se de uma tentativa de se descolar da má fama dos políticos em geral, sobre os quais pesa a percepção de que o que falam não se escreve. A candidata do PV à chefia do Estado brasileiro, Marina Silva, tentou fazer o mesmo ao dizer: “A eleição é um período mágico. Aquilo que não foi feito, que era impossível, torna-se de uma facilidade incrível. Se é tão mágico, por que levar 16 anos?”.

Dezesseis anos: oito do PSDB mais oito do PT. Para pelo menos quatro anos de um improvável governo “verde”, as promessas de Marina ficam mesmo no campo das generalidades: trabalhar pelos mais pobres, lutar contra todas as formas de discriminação, combater a corrupção, e reduzir os gastos públicos. Em sua candidatura, o que se destaca mesmo enquanto promessas difíceis de acreditar são aquelas visando o próprio “período mágico” das eleições: neutralizar todas as emissões de carbono feitas por sua campanha e não atacar os adversários. Já Plínio Arruda Sampaio, do PSOL, não chegou a prometer, mas já falou em extinguir o Senado. Por outro lado, Rui Pimenta, candidato a presidente pelo PCO, foi bem claro quando prometeu dissolver o Congresso Nacional.

Recentemente três estudantes universitários gaúchos tiveram a ideia de criar um site chamado “Promessas de políticos” (http://www.promessasdepoliticos.com.br/) para monitorar os compromissos assumidos pelos candidatos à presidência da República junto ao eleitorado. Nesta quarta-feira, 1º, o contador de promessas do site, o “Promessômetro”, indicava liderança de Dilma, com 93 promessas, contra 87 de Serra e 67 de Marina. Plínio não aparece com um número significativo de compromissos assumidos na campanha, mas ele é um dos candidatos que até agora mais capricharam na auto-confiança, por assim dizer, ao prometer um salário mínimo de R$ 2 mil.

Caro leitor,


Até que ponto você acredita nas promessas feitas pelos políticos em campanha eleitoral?

Qual promessa até agora você acha mais difícil de acreditar?

Você acha que deveria haver alguma espécie de punição para políticos que prometem demais e cumprem de menos?

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